Protestos contra operações anti-imigração crescem nos EUA
As manifestações contra as operações migratórias do presidente Donald Trump se espalham pelos Estados Unidos na quarta-feira (11), apesar da presença da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais em Los Angeles e das ameaças de repressão.
Mais de 1.000 pessoas se reuniram na segunda maior cidade do país para participar do sexto dia de protestos, que ocorreram de forma pacífica nas ruas.
Uma segunda noite de toque de recolher também entrou em vigor no centro da metrópole como medida para controlar os atos de vandalismo e saques que ocorreram nos dias anteriores.
"Diria que, no geral, tudo está em ordem aqui no Marco Zero", declarou à AFP a manifestante Lynn Sturgis, uma professora aposentada de 66 anos.
"Nossa cidade não está em chamas, não está pegando fogo, como nosso terrível líder tenta lhes dizer", acrescentou, em referência ao presidente Trump.
O presidente republicano publicou algumas horas nas redes sociais: "Se nossas tropas não entrassem em Los Angeles, agora mesmo estaria em chamas". Ele acrescentou que os moradores da cidade tiveram "muita sorte".
Quase 1.000 reservistas dos 4.700 que Trump ordenou enviar à cidade faziam a segurança da área e trabalhavam em estreita colaboração com agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE, na sigla em inglês), informou Scott Sherman, responsável pelas operações.
O restante inclui 700 fuzileiros navais da ativa, alguns dos quais estão recebendo treinamento para lidar com distúrbios civis, acrescentou.
O Pentágono declarou que essa mobilização custará US$ 134 milhões (R$ 742 milhões) aos contribuintes.
Os protestos explodiram devido à rigidez das operações contra os imigrantes que se encontram ilegalmente no país. Os agentes os detêm nas ruas, em escolas, locais de trabalho ou quando comparecem aos tribunais, denunciam advogados e organizações de defesa dos direitos civis.
- 'Governo da turba' -
"Desde 6 de junho, 330 imigrantes ilegais foram presos como parte desses distúrbios em Los Angeles", dos quais 113 com "condenações criminais prévias", afirmou nesta quarta-feira a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em entrevista coletiva.
"O presidente Trump jamais permitirá que o governo da turba prevaleça nos Estados Unidos", disse a porta-voz, segundo a qual "o dever mais básico do governo é preservar a lei e a ordem".
Trump venceu as eleições em parte graças à sua retórica anti-imigrantes e aproveita a oportunidade para obter ganhos políticos.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, que se opõe ao envio de militares, estimou na terça-feira que "a democracia está sendo atacada diante dos nossos olhos".
Trump declarou que, se fosse o seu czar da fronteira, Tom Homan, prenderia Newsom, considerado um possível candidato democrata à presidência em 2028, quando, segundo a Constituição, Trump não poderá mais concorrer ao cargo.
Leavitt jogou mais lenha na fogueira: "Newsom afirmou que as medidas de controle migratório causam caos. Esse é o nível de radicalização a que chegaram os democratas."
"A oposição deles ao presidente Trump os forçou a se aliarem com criminosos sem documentos em suas comunidades, com agitadores violentos e saqueadores, em vez de com os agentes da lei que estão apenas cumprindo seu dever", disse.
- Protestos se espalham -
Apesar das ameaças de Trump de enviar a Guarda Nacional, uma força militar de reserva, para outros estados governados por democratas, as manifestações estão se espalhando pelo país.
Durante o dia, manifestações contra a repressão migratória foram registradas em Nova York, Saint Louis (Missouri), Indianápolis (Indiana), Raleigh (Carolina do Norte), Denver (Colorado) e Spokane (Washington).
Na última cidade, a prefeita Lisa Brown também declarou toque de recolher na noite de quarta-feira devido aos protestos.
Algumas horas antes, o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, anunciou a mobilização da Guarda Nacional para conter uma manifestação programada para San Antonio.
Os organizadores também ameaçam realizar mobilizações no sábado, quando Trump presidirá um desfile militar no centro de Washington.
Em um discurso em uma base militar na terça-feira, Trump advertiu que qualquer protesto durante o desfile militar de Washington enfrentaria uma "força" muito contundente.
O desfile com aviões de guerra e tanques, organizado para celebrar o 250º aniversário da fundação do Exército dos Estados Unidos, coincide com o dia do 79º aniversário de Trump.
O governo do republicano considera as manifestações uma ameaça à nação.
"Não permitiremos que uma cidade americana seja invadida e conquistada por um inimigo estrangeiro", advertiu o presidente na terça-feira.
Os manifestantes e o Partido Democrata acusam o republicano de criar uma crise para justificar uma repressão autoritária.
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