Trump diz que ataque de Israel ao Irã pode acontecer, mas que deseja evitar conflito
Por Jeff Mason e Francois Murphy e Parisa Hafezi
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que um ataque de Israel ao Irã "poderia muito bem acontecer", mas ele não o consideraria iminente e que preferiria evitar um conflito com Teerã e chegar a uma solução pacífica sobre seu programa nuclear.
Os comentários de Trump ocorreram depois que diretores do órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) declararam que o Irã está violando suas obrigações de não proliferação, enquanto uma autoridade iraniana disse que um "país amigo" havia alertado sobre um possível ataque israelense.
Autoridades dos EUA e do Irã realizarão uma sexta rodada de negociações sobre o programa de enriquecimento de urânio de Teerã em Omã no domingo, de acordo com autoridades dos EUA e de Omã.
Mas as preocupações com a segurança têm aumentado desde que Trump disse na quarta-feira que funcionários dos EUA estavam sendo retirados da região porque "poderia ser um lugar perigoso" e que Teerã não terá permissão para desenvolver uma arma nuclear.
Washington está preocupado com a possibilidade de Israel tomar medidas militares contra o Irã nos próximos dias, disseram autoridades norte-americanas sob condição de anonimato, apesar da recente advertência de Trump ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, contra esse tipo de ataque.
A inteligência dos EUA indica que Israel tem feito preparativos para atingir as instalações nucleares do Irã. Mas uma autoridade dos EUA disse que não há sinais de que Israel tenha tomado uma decisão final.
"Não quero dizer iminente, mas parece que é algo que poderia muito bem acontecer", disse Trump a repórteres em um evento na Casa Branca, acrescentando que não se pode permitir que o Irã desenvolva uma arma nuclear.
"Eu adoraria evitar o conflito", disse ele. "O Irã terá de negociar de forma um pouco mais dura, ou seja, terá de nos dar algo que não está disposto a nos dar no momento."
A segurança no Oriente Médio já foi desestabilizada pelos efeitos colaterais da guerra de Gaza entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Trump ameaçou bombardear o Irã se as negociações nucleares não resultarem em um acordo e disse que está cada vez menos confiante de que Teerã concordará em parar de enriquecer urânio. A República Islâmica quer a suspensão das sanções impostas pelos EUA ao país desde 2018.
O conselho de diretores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que o Irã violou suas obrigações de não-proliferação pela primeira vez em quase 20 anos, aumentando a perspectiva de reportar o país ao Conselho de Segurança da ONU.
A medida é o ponto culminante de uma série de imes entre a AIEA e o Irã desde que Trump retirou os EUA de um acordo nuclear entre Teerã e grandes potências em 2018 durante seu primeiro mandato, após o qual o acordo se desfez.
