Fogo israelense mata 41 em Gaza, muitos perto de local de ajuda, dizem médicos
Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO (Reuters) - Disparos de tiros e ataques aéreos israelenses mataram pelo menos 41 palestinos em Gaza na quarta-feira, a maioria deles em um local de ajuda operado pela Fundação Humanitária de Gaza, apoiada pelos Estados Unidos, no centro do território costeiro, disseram autoridades de saúde locais.
Autoridades médicas dos hospitais Shifa e Al-Quds disseram que pelo menos 25 pessoas foram mortas por tiros israelenses quando se aproximavam do local de ajuda perto do antigo assentamento de Netzarim, e dezenas ficaram feridas.
Os militares israelenses disseram que suas forças dispararam tiros de advertência durante a noite contra suspeitos que avançavam e representavam uma ameaça para as tropas na área do Corredor de Netzarim.
"Isso ocorre apesar dos avisos de que a área é uma zona de combate ativa. A IDF (força de Israel) está ciente de relatos sobre pessoas feridas; os detalhes estão sendo analisados", acrescentaram.
Mais tarde na quarta-feira, autoridades de saúde do Hospital Nasser em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, disseram que pelo menos seis pessoas foram mortas por tiros israelenses quando se aproximavam de outro local da GHF em Rafah, mais ao sul, elevando o número de mortos na quarta-feira para pelo menos 41.
Um total de 163 pessoas já haviam sido mortas e mais de 1.000 feridas tentando chegar aos poucos locais de ajuda operados pela fundação desde que ela começou a trabalhar há duas semanas, após um bloqueio de três meses, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
As Nações Unidas condenaram os assassinatos. Disseram que o bloqueio levou o enclave palestino à beira da fome e que os suprimentos de alimentos continuam criticamente baixos.
A fundação afirmou anteriormente que não tinha conhecimento do incidente de quarta-feira, mas que está trabalhando em estreita colaboração com as autoridades israelenses para garantir que as rotas de agem seguras sejam mantidas, e que é essencial que os palestinos sigam atentamente as instruções.
"Em última análise, a solução é mais ajuda, o que criará mais certeza e menos urgência entre a população", disse a fundação por email em resposta às perguntas da Reuters.
"Ainda não há alimentos suficientes para alimentar todos os necessitados em Gaza. Nosso foco atual é alimentar o maior número possível de pessoas com segurança dentro das restrições de um ambiente altamente volátil."
A ONU e outros grupos de ajuda se recusaram a fornecer ajuda por meio da fundação, que usa empreiteiros privados com apoio militar israelense no que eles dizem ser uma violação dos padrões humanitários.
As autoridades de saúde de Gaza disseram que outras 10 pessoas foram mortas em um ataque aéreo israelense em Khan Younis, no sul do enclave.
Na terça-feira, quando as autoridades de saúde de Gaza disseram que 17 pessoas foram mortas perto de outro local de ajuda da GHF em Rafah, no sul de Gaza, o Exército disse que disparou tiros de advertência para afastar "suspeitos" que estavam se aproximando das tropas e representavam uma ameaça.