Governo perde de lavada em narrativa sobre pacote fiscal, diz economista
O governo Lula (PT) está perdendo de "lavada" para a oposição em narrativa sobre o pacote fiscal que precisa ser votado pelo Congresso, afirmou o economista Pedro Rossi, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no UOL News, do Canal UOL.
Sem dúvida [o governo está perdendo o debate]. Além da disputa de agendas, a disputa de narrativas é fundamental. E eu acho que o governo está perdendo de lavada.
Por exemplo: nesse pacote novo apresentado pelo governo, não tem nada para o 'andar de baixo'. A gente está falando de quem tem riqueza financeira. São essas pessoas que vão pagar mais. A única exceção são as bets, que possuem um alcance muito popular. Pedro Rossi, economista professor da Unicamp
O governo defende o fim da isenção de IR para títulos de investimento e pediu "abertura de espírito". Uma das propostas levadas ao Congresso para substituir o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) LCI e LCA, cujos investimentos vão para o setor imobiliário e o agronegócio.
As medidas, no entanto, sofrem resistência de parlamentares. Ontem, o deputado Hugo Motta, presidente da Câmara, disse em evento com empresários que o pacote de medidas apresentadas pelo governo "não será bem aceito" no Congresso.
Na quarta (11), o ministro Fernando Haddad esteve na Câmara e defendeu as medidas propostas pelo governo. Os deputados do PL Carlos Jordy e Nikolas Ferreira pediram a palavra, fizeram críticas e, na sequência, deixaram a audiência sem ouvir a resposta do ministro. Ao retomar a palavra, Haddad chamou a atitude é "molecagem". Os bolsonaristas retornaram e iniciaram o bate-boca.
O que está por trás dessa baixaria é a disputa entre as agendas econômicas do governo e de oposição. O ministro quer entregar o resultado primário, propondo taxar o andar de cima, com uma série de medidas. E a pressão que vem de fora, evidentemente da oposição, mas do mercado também, é a de que não se deve aumentar imposto, deve cortar gastos e fazer reformas.
Então, é essa a disputa que está na mesa hoje no Brasil: de um lado, o ministro e o governo propondo o ajuste fiscal e, do outro lado, para não ar, para serem feitos as reformas e os cortes de gastos.
Evidentemente, há um tabu aí que não é mencionado, que é simplesmente mudar a regra do superavit para esse ano e o ano que vem. Parece que esse ano a gente tem um valor em torno de R$ 20 bilhões, que o governo precisa alcançar, e para o ano que vem é algo muito indefinido. Pedro Rossi, economista professor da Unicamp
A federação União Brasil e PP se uniu à oposição e anunciou que não deve apoiar as novas medidas do governo em substituição ao decreto que aumentou o IOF. Juntos, os dois partidos somam 109 deputados, superando as bancadas do PL e do PT. No Senado, a junção das duas siglas totaliza 14 parlamentares.
O governo deve enviar o texto ainda nesta semana ao Congresso. Entre as medidas, estão o aumento da tributação de bets, fintechs e alguns títulos de crédito para ampliar a arrecadação
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