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Estudo revela que 2024 foi o ano com maior número de conflitos armados das últimas oito décadas

11/06/2025 10h31

Em 2024, o mundo vivenciou o maior número de conflitos armados desde 1946, superando 2023, que já era um ano recorde, de acordo com um estudo norueguês publicado nesta quarta-feira (11), que destaca os riscos globais associados ao desengajamento americano. O número de mortes relacionadas aos combates permaneceu mais ou menos estável, o que faz de 2024 o quarto ano mais sangrento desde o fim da Guerra Fria em 1989. África segue no topo do ranking como o continente mais afetado por conflitos armados.

No ano ado, foram registrados 61 conflitos no mundo, espalhados por 36 países, alguns deles com várias guerras acontecendo simultaneamente. Esses são os números apresentados em um relatório do Instituto de Pesquisa da Paz de Oslo (Prio). A título de comparação, em 2023, 59 conflitos foram contabilizados em 34 países. 

"Não se trata apenas de um pico, mas de uma mudança estrutural. O mundo de hoje é muito mais violento e muito mais fragmentado do que era há dez anos", comentou Siri Aas Rustad, editora-chefe do relatório, que analisa as tendências no período de 1946 a 2024. 

África, o continente mais afetado 

A África continuou sendo o continente mais afetado, com 28 conflitos entre Estados (envolvendo pelo menos um Estado), seguida pela Ásia (17), Oriente Médio (dez), Europa (três) e Américas (dois). Deve-se observar que mais da metade dos Estados afetados são divididos por dois ou mais conflitos. 

O número de mortes relacionadas a combates permaneceu mais ou menos estável em comparação com 2023, em torno de 129 mil, tornando 2024 o quarto ano mais sangrento desde o fim da Guerra Fria em 1989, de acordo com o estudo. Esse número de mortos foi obviamente aumentado pelas guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, mas também pelos confrontos na região etíope de Tigray. 

Risco do isolacionismo americano 

"Este não é o momento para os Estados Unidos ou qualquer outra grande potência mundial se fecharem em si mesmos e renunciarem ao compromisso internacional. O isolacionismo, diante do aumento da violência no mundo, seria um erro profundo com consequências humanas duradouras", disse Siri Aas Rustad, referindo-se em particular à linha "America First" defendida por Donald Trump desde seu retorno à Casa Branca. 

"É um erro pensar que o mundo pode olhar para o outro lado. Seja na presidência de Donald Trump ou em um futuro governo, abandonar a solidariedade global agora significaria abandonar a própria estabilidade que os Estados Unidos ajudaram a construir depois de 1945", acrescentou o editor sênior do relatório.

O estudo baseia-se em números compilados pela Universidade de Uppsala, na Suécia. 

(RFI com AFP)

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