China adia decisão sobre carne suína da UE enquanto negocia tarifas de veículos elétricos
Por Ella Cao e Ryan Woo
PEQUIM (Reuters) - A China estendeu nesta terça-feira por seis meses uma investigação de alto nível sobre carne suína importada da União Europeia, dias antes de sua conclusão e enquanto negociadores de Bruxelas e Pequim fecham um acordo sobre as tarifas de veículos elétricos da UE.
Iniciada em junho do ano ado, a investigação é amplamente vista como uma retaliação às tarifas da UE sobre exportações de veículos elétricos chineses. Ela atingiu mais de US$2 bilhões em exportações de carne suína, concentradas em grandes produtores como Espanha, Holanda e Dinamarca.
A China, maior consumidora mundial de carne suína, decidiu estender o período de investigação até 16 de dezembro devido à "complexidade" do caso, informou o Ministério do Comércio do país em um comunicado em seu site.
A decisão de adiar ocorre em um momento em que a China e a UE se aproximam de um acordo sobre as tarifas de veículos elétricos. Pequim já estendeu sua investigação antidumping sobre o conhaque da UE e se ofereceu para acelerar as licenças de exportação de ímãs de terras raras para empresas europeias.
Uma parcela significativa das remessas de carne suína do bloco para a China consiste em miúdos -- incluindo orelhas, narizes e pés de porco -- muito valorizados na culinária chinesa, mas com poucos destinos alternativos.
A China importou US$4,8 bilhões em carne suína, incluindo miúdos, em 2024 -- mais da metade veio da UE, com a Espanha liderando o bloco em exportações por volume.
A extensão da investigação foi recebida com cautela pelos representantes da indústria na UE, que juntos são os maiores exportadores de carne suína do mundo.
"Preferimos que eles reservem um tempo para consultas antes de qualquer decisão", disse Anne Richard, diretora da associação sa da indústria suína, Inaporc.
Em um sinal de abertura a um acordo, a China expandiu em abril o o para cerejas espanholas e alguns produtos de carne suína.
O prolongamento da investigação "significa mais seis meses de espera, o que significa que a nuvem que paira sobre nós permanecerá, mas continuamos confiantes e calmos", disse Giuseppe Aloisio, diretor geral da associação da indústria de carnes da Espanha, Anice.
(Reportagem de Ryan Woo e Ella Cao; reportagem adicional de Gus Trompiz em Paris, Emma Pinedo em Madri e Jacob Gronholt-Pedersen em Copenhague)