Gleisi critica Bolsonaro no STF: 'Evasivo, quando não mentiroso'

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou hoje que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi "evasivo" e não respondeu às acusações no depoimento ontem no STF (Supremo Tribunal Federal).
O que aconteceu
"Eu achei [Bolsonaro] muito evasivo, quando não mentiroso, em alguns aspectos", disse a ministra à imprensa. "Ele não conseguiu esclarecer, por exemplo, a questão da minuta do golpe que ele estava envolvido e nem também o seu envolvimento naquele processo do [plano] Punhal Verde Amarelo."
Bolsonaro negou qualquer tentativa de golpe de Estado no depoimento ontem. Em comportamento destoante da atitude adotada em outras ocasiões, o ex-presidente foi comedido em suas respostas, ao ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes.
"Ele vai ter que responder [às acusações]", afirmou Gleisi. "Penso que é grave o que aconteceu, é ele com aqueles comandantes envolvidos nesse processo e a gente não pode deixar que a democracia seja atacada desse jeito sem a responsabilização."
Gleisi falou com a imprensa na porta do TCU (Tribunal de Contas da União). Ela representa o presidente Lula no julgamento das contas do governo em 2024.
Bolsonaro no STF
Bolsonaro se justificou sobre as críticas ao sistema eleitoral e ao Judiciário falando em retórica e desabafos. O ex-presidente negou ter indícios para as acusações feitas a ministros do Supremo. "Era um desabafo, uma retórica que não era para ter sido gravada. O senhor me desculpe", afirmou.
Segundo ele, houve "má-fé" no vazamento das imagens da reunião. Nela, o ex-presidente e seus auxiliares discutem a possibilidade de uma ruptura democrática. Ele negou também que tenha sido alvo de qualquer ameaça de prisão durante as reuniões realizadas com comandantes militares.
Bolsonaro confirmou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), hoje foragida, levou o hacker Walter Delgatti Neto para uma reunião. "Eu o recebi, mas não senti confiança nele", afirmou o ex-presidente.
Ele questionou decisões do TSE que afetaram sua campanha. O tribunal não permitiu que ele usasse imagens do 7 de Setembro de 2022 e do funeral da rainha Elizabeth. A corte eleitoral viu abuso de poder nesse caso.