
Não acho que o SBT esteja errado por tentar trazer de volta o molho de outros tempos apelando para atrações clássicas da grade. Nesse sentido, a TV de Silvio Santos sempre foi a mais nietzscheana das emissoras, promovendo o eterno retorno de vários programas constantemente.
Daqui a alguns dias o 'Aqui Agora' vai voltar, com a estrela em ascensão Dani Brandi no comando. Ela está ótima no 'Tá Na Hora' e tenho certeza que vai brilhar com o novo formato. 'Casos de Família' também está prestes a retornar com Christina Rocha. E o Chaves tá sempre indo e voltando. Tudo normal.
Vivemos a era dos remakes. Nas novelas, nos filmes, nas séries. Por que não nos programas de TV? De verdade, acho tudo ótimo. Gostaria que outras emissoras pensassem assim. 'Supermarket' na Band, 'Malhação' na Globo, Ed Banana na Record. Imagina a festa. A cultura pop do século 21 é uma grande ode à nostalgia. A instabilidade geral do capitalismo tardio cria essa necessidade de algum conforto com o que já é conhecido e aprovado.
Mas causou alvoroço a decisão do SBT de retomar a produção do 'Bom Dia & Cia' com apresentação de Patati Patatá. A programação de desenhos animados e brincadeiras sumiu da programação matutina das TVs por restrições mercadológicas e também pela disputa com plataformas exclusivas desse tipo de conteúdo.
Ainda assim, eu acredito no espaço desse tipo de programa mais lúdico na TV aberta. É uma necessidade até pensando no longo prazo: as emissoras precisam de estratégia para formar novos telespectadores. Ainda assim, considero que existe um erro importante na atual encarnação do programa: os apresentadores.
A presença de palhaços num cenário multicolorido fazendo a ponte entre Marcão do Povo e Luiz Bacci é disruptiva demais. Não no bom sentido. Acaba alienando todo mundo que não é uma criança. E a TV não pode ser alienante.
A solução seria colocar os jogos encantadores e divertidos que ocorrem no palco em um cenário mais sóbrio, ainda que alegre. Em vez de palhaços, uma condução que remetesse aos anos dourados do 'Oradukapeta' com Serginho Mallandro —alegria para todas as idades. E os desenhos também poderiam ser mais variados, com clássicos que incentivem a memória afetiva dos pais.
O SBT está certíssimo ao pensar que precisa trazer as crianças de volta para a TV aberta. Só não pode afugentar todo o resto.
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