'Em pânico': iranianos se preparam para mais ataques israelenses

Iranianos reagiram aos ataques israelenses em meio a sentimentos de raiva e medo nesta sexta-feira, com alguns pedindo retaliação, enquanto outros temiam que o conflito significasse mais dificuldades para uma nação desgastada por crises.
Com Teerã e outras cidades abaladas por uma noite de ataques aéreos israelenses, alguns disseram que planejavam partir para a vizinha Turquia, preparando-se para uma escalada após Israel sinalizar que sua operação continuaria "por quantos dias fossem necessários".
"Acordei com uma explosão ensurdecedora. As pessoas da minha rua saíram correndo de suas casas em pânico, estávamos todos apavorados", disse Marziyeh, 39 anos, da cidade de Natanz, que abriga uma das instalações nucleares do Irã e onde foram registradas explosões.
"Estou profundamente preocupada com a segurança dos meus filhos se a situação se agravar", disse Marziyeh, uma das 20 pessoas que a Reuters contatou no Irã para esta reportagem.
Israel disse ter atacado instalações nucleares, fábricas de mísseis balísticos e objetivos militares na operação que, segundo ele, visava impedir Teerã de construir uma bomba atômica. O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos.
Em uma primeira onda de pânico, alguns cidadãos iranianos correram para os bancos para sacar dinheiro na manhã desta sexta-feira.
Masoud Mousavi, 51 anos, funcionário aposentado de um banco, disse que aguardava a abertura das casas de câmbio para comprar liras turcas e levar a família à Turquia por terra, já que o espaço aéreo está fechado.
"Sou contra qualquer guerra. Qualquer ataque que mate pessoas inocentes. Ficarei na Turquia com minha família até que essa situação termine", disse ele da cidade de Shiraz.
Duas casas de câmbio em Teerã disseram que estavam mais ocupadas do que o normal, pois as pessoas correram para comprar moeda estrangeira após o ataque.
"Já amos por muita coisa. Não apoio o ataque de Israel e entendo que os líderes do Irã sintam a necessidade de retaliar", disse a professora aposentada Fariba Besharati, 64 anos, que mora com os filhos e dois netos em Tabriz.
Muitos iranianos ainda acreditam no direito do Irã de ter um programa nuclear civil, mas alguns disseram que agora isso está custando muito caro para o país.
"O preço que estamos pagando é muito alto. E agora, um ataque militar, não, não quero mais miséria", disse Mohammadreza, 29 anos, professor na cidade de Chalus, no norte do país.
(Redação de Parisa Hafezi)
((Tradução Redação Barcelona)) REUTERS MS