Dólar fecha no menor valor de 2025 com inflação abaixo do esperado nos EUA
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As notícias de um acordo comercial entre Estados Unidos e China e, em especial, a inflação norte-americana abaixo do esperado em maio colocaram o dólar em trajetória de baixa ao redor do mundo, o que fez a divisa fechar a quarta-feira também em queda ante o real, no menor valor do ano.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,53%, aos R$5,5392, menor valor de encerramento desde 8 de outubro do ano ado, quando foi cotado a R$5,5334. Em 2025 a moeda dos EUA acumula baixa de 10,35%.
Às 17h26 na B3 o dólar para julho -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,60%, aos R$5,5590.
O noticiário vindo do exterior nesta quarta-feira foi amplamente favorável à queda do dólar. No início do dia os mercados já reagiam à informação de que EUA e China concluíram o acordo comercial negociado nas últimas semanas.
Pelo acordo, conforme o presidente norte-americano, Donald Trump, a China vai remover as restrições às exportações de minerais de terras raras e outros componentes industriais. Além disso, os produtos chineses serão tarifados pelos EUA em 55%, enquanto os itens norte-americanos terão alíquota de 10% cobrada pelos chineses.
O acordo -- que ainda precisará ser aprovado de forma definitiva por Trump e pelo presidente da China, Xi Jinping -- foi bem recebido pelo mercado.
“Por mais que não saibamos quais serão exatamente os moldes, o acordo entre EUA e China acaba trazendo certo alívio para o mercado, porque é uma conclusão para a guerra comercial”, pontuou João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
Mais do que o acordo EUA-China, a divulgação de dados favoráveis da inflação norte-americana pesou sobre as cotações do dólar ante boa parte das demais divisas.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao consumidor (I, na sigla em inglês) subiu 0,1% em maio, depois de alta de 0,2% em abril. Em 12 meses até maio, o índice avançou 2,4%, de 2,3% em abril. Os resultados ficaram abaixo das projeções dos economistas consultados pela Reuters, que previam alta de 0,2% na base mensal e de 2,5% na anual.
O núcleo da inflação, que exclui componentes voláteis como alimentos e energia, subiu 0,1% em maio, abaixo do 0,2% de alta em abril.
Os números do I elevaram as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve, o que se refletiu na queda global do dólar. No Brasil, após atingir a cotação máxima de R$5,5793 (+0,19%) às 9h10, antes da divulgação do I, o dólar à vista marcou a mínima de R$5,5223 (-0,84%) às 13h06, já após os dados de inflação dos EUA.
As notícias do exterior acabaram deixando em segundo plano o pacote fiscal do governo Lula. Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que as medidas tributárias propostas pelo governo ao Congresso buscam maior contribuição de pessoas com renda mais alta.
Segundo ele, elas são necessárias para que o "ciclo virtuoso" vivido pelo país, com crescimento econômico e geração de empregos, seja sustentável.
Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025. À tarde, BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de US$437 milhões em junho até o dia 6.
Às 17h25, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,30%, a 98,671.