Brasileiro detido por Israel levando ajuda para Gaza começa greve de fome

O brasileiro Thiago Ávila, detido em Israel após tentar furar um bloqueio para enviar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, entrou em greve de fome, segundo o grupo Flotilha da Liberdade.
O que aconteceu
Ele está sem comer e sem beber água desde as 4h de ontem (10h no horário de Brasília). Segundo o grupo, a atitude é um protesto contra a impunidade em relação a "históricas e subsequentes violações" em Gaza. "Uma decisão extrema, mas necessária", afirmou em nota.
Ativistas estão detidos em local insalubre e sem o à água potável, diz organização. Segundo a Flotilha da Liberdade, eles foram colocados em alojamentos com percevejos nas camas e são mantidos em privação de sono, sob ameaças.
Além de Thiago, outros sete ativistas continuam detidos. Eles foram ouvidos por um juiz ontem e são acusados de entrar ilegalmente em território israelense. Segundo a Flotilha da Liberdade, além da deportação, Israel quer impor um banimento de 100 anos para todos os ativistas que estavam a bordo do barco Madleen.
Lei de Israel prevê que cidadãos que "entrem ilegalmente" no país sejam deportados de forma forçada após 72 horas, caso não aceitem sair por conta própria. Por isso, é possível que Thiago e outros ativistas que seguem detidos em Israel sejam enviados para casa na madrugada de amanhã.
Defesa dos ativistas alega que prisão é ilegal. Segundo a Coalizão da Flotilha da Liberdade, as detenções são arbitrárias e a interceptação do barco dos ativistas não está dentro da lei, já que aquela era uma missão humanitária e que bloquear ajuda humanitária é um crime de guerra.
Quatro dos detidos no barco já foram enviados aos seus países de residência, inclusive a ativista Greta Thunberg. O governo israelense publicou uma foto da jovem dentro de um avião, que faria uma escala para a França antes de seguir para a Suécia, país de origem dela. Além dela, foram colocados em aviões Baptiste Andre e Omar Faiad, da França, e Sergio Toribio, da Espanha.
Barco foi interceptado no mar e chegou ontem a Israel
Thiago Ávila foi detido por Israel ao tentar furar o bloqueio à Faixa de Gaza a bordo do barco Madleen, interceptado em águas internacionais. A embarcação integrava a Freedom Flotilla Coalition e transportava ajuda humanitária com arroz e medicamentos. Junto com Thiago estavam a ativista sueca Greta Thunberg e outros 10 ageiros. O governo brasileiro exigiu a libertação imediata da tripulação.
Thiago publicou vídeos em seu perfil no Instagram, que conta com mais de 780 mil seguidores, denunciando possível ataque israelense. Em uma das mensagens, afirmou: "Estamos para ser atacados pelo mais cruel e odioso exército do mundo". Em outra gravação, ativada após a interrupção do contato, disse: "Se você está assistindo a este vídeo, quer dizer que fui detido ou sequestrado por Israel".
A mulher do ativista, Lara, divulgou apelo público por sua libertação. "Nós precisamos da ajuda de vocês, que cobrem parlamentares, o Itamaraty, o governo brasileiro", disse. Ela e Thiago são pais de Teresa, de 1 ano.
A pequena quantidade de ajuda no iate que não foi consumida pelas 'celebridades' será transferida para Gaza pelos canais humanitários reaisGoverno de Israel, em nota
Barco entrou no porto de Ashdod ao anoitecer, por volta das 20h45 local (14h45 no horário de Brasília). Iate foi escoltado por duas embarcações da marinha israelense e, ao desembarcar, os 12 tripulantes foram submetidos a exames "para garantir que estejam bem de saúde".
O veleiro da Coalizão da Flotilha da Liberdade, um movimento internacional não violento de solidariedade com os palestinos, partiu da Itália no dia 1º de junho. Após uma escala no Egito, a embarcação se aproximou da costa de Gaza.