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Ibovespa tem queda discreta com fiscal e Gerdau sob holofotes

09/06/2025 17h04

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou com uma queda modesta nesta segunda-feira, distante da mínima do pregão, em sessão marcada pela repercussão de novas medidas fiscais, enquanto Gerdau disparou com "upgrade" do UBS BB diante do efeito benigno esperado pelo recente aumento da tarifa de importação do aço pelos Estados Unidos.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,3%, a 135.699,38 pontos, após chegar a 134.118,64 pontos na mínima do dia. No melhor momento, marcou 136.105,81 pontos. O volume financeiro somou R$19,96 bilhões.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite de domingo que chegou a um acordo com líderes do Congresso Nacional para "recalibrar" o decreto que aumentou alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), prevendo recuo, parcial ou integral, de parte das medidas.

Em troca, Haddad afirmou que serão propostas novas medidas de arrecadação para compensar esse movimento, entre elas a taxação de títulos isentos e taxas maiores sobre "bets", além de aproximação das alíquotas da CSLL paga por instituições financeiras.

Fontes com conhecimento do assunto afirmaram à Reuters que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também vai propor uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras -- exceto as incentivadas.

No mercado, o entendimento foi de que mais uma vez o governo focou em medidas arrecadatórias em vez de iniciativas para controlar o aumento de gastos, com algumas análises apontando que o pacote tributário proposto não anima e tende a ser desidratado no Congresso Nacional.

Em Wall Street, a semana começou com variações modestas nas bolsas em meio a notícias sobre negociações comerciais entre autoridades dos Estados Unidos e da China em Londres, bem como alívio nos rendimentos do título do Tesouro norte-americano, o que corroborou a melhora no pregão brasileiro.

DESTAQUES

- GERDAU PN disparou 6,41%, endossada por relatório de analistas do UBS BB, que elevaram a recomendação das ações para "compra". Eles citaram o aumento das tarifas de importação de aço pelos Estados Unidos de 25% para 50% como um divisor de águas para a tese de investimento na companhia. O preço-alvo das ações subiu a R$22, de R$17 antes, um "upside" potencial de quase 32% em relação à cotação de fechamento da sexta-feira. Desde que os EUA ameaçaram dobrar a tarifa sobre as importações de aço, as ações acumularam valorização de 16,5%.

- EMBRAER ON avançou 4,63%, conforme se aproxima o Paris Air Show, evento da indústria da aviação que começa no próximo dia 16. Analistas do JPMorgan afirmaram estar com expectativas positivas para o evento em relação à Embraer, dado o potencial anúncio de novos pedidos nos segmentos comercial e de defesa. Em um cenário otimista, eles estimam que os novos pedidos podem chegar a US$5,9 bilhões no segmento comercial e até US$720 milhões no segmento de defesa, considerando anúncios, mas não necessariamente pedidos assinados.

- PETROBRAS PN recuou 1,55%, tendo como pano de fundo notícia de que a estatal foi citada em ação movida pela empresa de sondas Sete Brasil, que atribui R$36 bilhões à causa. A Petrobras disse que as alegações são "improcedentes" e que não reconhece qualquer responsabilidade pelos prejuízos alegados. Analistas do Santander também cortaram a recomendação dos papéis da estatal para "neutra", citando uma situação financeira difícil em 2025 e 2026, que pode se agravar ainda mais se os preços do petróleo recuarem nos próximos trimestres.

- ITAÚ UNIBANCO PN perdeu 0,52% e BRADESCO PN caiu 0,75%, mas distante das mínimas do dia, quando foram mais pressionadas pelo anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na véspera, de maior cobrança de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre instituições financeiras. BTG PACTUAL UNIT recuou 0,5%, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT registrou variação positiva de 0,07% e BANCO DO BRASIL ON teve acréscimo de 0,09%.

- B3 ON encerrou com declínio de 3,02%, tendo também no radar acordo da London Stock Exchange Group (LSEG) para fornecer tecnologia de trading, clearing e acompanhamento de mercado para a A5X, bolsa de derivativos e futuros que está sendo criada no Brasil. A A5X pretende estar pronta para testes regulatórios até o quarto trimestre deste ano e prevê lançamento comercial da nova plataforma no primeiro semestre de 2026.

- RAÍZEN ON terminou negociada em baixa de 2,02%, com analistas do UBS BB cortando a recomendação das ações para neutra e o preço-alvo de R$3,90 para R$2,30, uma vez que avaliam que a reestruturação que a empresa está realizando levará mais tempo para se materializar em retorno aos acionistas. Analistas do Citi também cortaram o preço-alvo das ações, de R$3 para R$2,50, conforme reduziram estimativas para a companhia, refletindo principalmente a menor moagem de cana-de-açúcar e a previsão de menor preço do açúcar.

- VALE ON subiu 0,59%, apesar da fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas em queda de 0,71%, a 703 iuanes (US$97,83) a tonelada. Dados também mostraram neste começo de semana que as importações de minério de ferro pela China em maio caíram 4,9% em relação a abril, para 98,13 milhões de toneladas, abaixo das expectativas dos analistas de mais de 100 milhões de toneladas.

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