Brasileiro que levava ajuda com Greta a Gaza é detido por Israel, diz ONG

O brasileiro Thiago Ávila, que está com a sueca Greta Thunberg, foi detido hoje enquanto levavam para Gaza um veleiro da missão de ajuda humanitária Flotilha da Liberdade. A esposa
O que aconteceu
"Se você está assistindo a este vídeo, significa que fui detido ou sequestrado por Israel ou outra força cúmplice no Mediterrâneo", disse Ávila. O vídeo foi publicado pela página Instituto Brasil-Palestina com a legenda: "Vídeo gravado por Thiago Ávila caso fosse sequestrado".
Nesse caso, peço que pressionem meu governo e os governos dos meus companheiros para que sejamos libertados imediatamente. Também os exortamos a romper relações com Israel, a acabar com o genocídio e a levantar o cerco que Israel impôs ao povo palestino.
Thiago Ávila, em publicação do Instituto Brasil-Palestina
A esposa de Thiago, Lara, afirmou que recebeu uma mensagem avisando que a navegação foi interceptada. "[Eles disseram que] Estavam sendo atacados pelo exército israelense e o exército estava subindo no barco."
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, havia dito que as forças de segurança do país impediriam o veleiro de chegar a Gaza. Por volta de 11h30 de hoje (horário de Brasília), uma postagem na página oficial da missão informava que o barco, chamado Madleen, estava a 160 milhas náuticas (cerca de 300 quilômetros) de Gaza. O aporte do veleiro estava previsto para amanhã.
Katz afirmou, em comunicado divulgado por seu gabinete, que o Estado de Israel não permitirá que ninguém viole o bloqueio marítimo de Gaza. O principal objetivo do bloqueio, segundo ele, é impedir a entrega de armas ao grupo terrorista Hamas.
Dei instruções ao Exército para impedir a chegada do 'Madleen' a Gaza. A Greta, a antissemita, e aos seus companheiros, porta-vozes da propaganda do Hamas, digo claramente: voltem, porque não chegarão a Gaza.
Israel Katz, ministro da Defesa de Israel
A missão Flotilha da Liberdade diz que o barco Madleen está levando 12 ativistas de vários países, remédios e alimentos para a população de Gaza. Esta é mais uma tentativa internacional de furar o cerco de Israel e entregar ajuda humanitária aos palestinos.
Desde 2 de março, quando Israel bloqueou por 78 horas a entrada de alimentos e medicamentos à população de Gaza, organizações internacionais tentam encontrar formas de ajudar os mais de 2,3 milhões de palestinos que vivem na região. A ajuda existente atualmente é comandada pela FHG (Fundação Humanitária de Gaza), uma organização apoiada por Israel e pelos Estados Unidos que vem sofrendo muitas críticas internacionais pela falta de transparência.
Expedição anterior já resultou em mortes
A atual expedição com o barco Madleen é a segunda da Flotilha da Liberdade neste ano a tentar alcançar Gaza. No mês ado, o barco Conscience foi bombardeado por drones israelenses na costa de Malta, pouco antes de zarpar com um grupo de ativistas e ajuda humanitária para Gaza.
A Flotilha da Liberdade foi criada em 2008 pelo grupo internacional de ativistas pró-Palestina Free Gaza. A Flotilha ganhou projeção internacional dois anos depois, quando o seu navio Mavi Marmara, com cerca de 600 pessoas a bordo, foi atacado por forças de Israel no Mar Mediterrâneo em uma operação que resultou em nove mortos.