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Líder supremo do Irã rejeita proposta nuclear dos EUA e promete continuar enriquecendo urânio

04/06/2025 07h52

Por Parisa Hafezi e Elwely Elwelly e Jana Choukeir

DUBAI (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quarta-feira que abandonar o enriquecimento de urânio é "100%" contra os interesses do país, rejeitando uma exigência central dos Estados Unidos nas negociações para resolver uma disputa de décadas sobre as ambições nucleares de Teerã.

A proposta dos EUA para um novo acordo nuclear foi apresentada ao Irã no sábado por Omã, que mediou as negociações entre o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e o enviado do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Após cinco rodadas de negociações, várias questões difíceis de serem resolvidas permanecem, incluindo a insistência do Irã em manter o enriquecimento de urânio em seu solo e a recusa de Teerã em enviar para o exterior todo o seu estoque existente de urânio altamente enriquecido -- possível matéria-prima para bombas nucleares.

Khamenei, que tem a palavra final em todas as questões de Estado, não disse nada sobre a interrupção das negociações, mas afirmou que a proposta dos EUA "contradiz a crença de nossa nação na autossuficiência e no princípio de que 'Nós Podemos'".

"O enriquecimento de urânio é a chave para nosso programa nuclear e os inimigos têm se concentrado no enriquecimento", disse Khamenei durante um discurso televisionado que marcou o aniversário da morte do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.

"A proposta apresentada pelos norte-americanos é 100% contrária aos nossos interesses... Os líderes rudes e arrogantes dos Estados Unidos exigem repetidamente que não tenhamos um programa nuclear. Quem são vocês para decidir se o Irã deve ter enriquecimento de urânio?", acrescentou.

Teerã afirma que quer dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos e há muito tempo nega as acusações das potências ocidentais de que está tentando desenvolver armas nucleares.

"PRESSÃO MÁXIMA"

A Reuters noticiou na segunda-feira que Teerã estava prestes a rejeitar a proposta dos EUA.

Trump retomou sua campanha de "pressão máxima" contra Teerã desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, que incluiu o endurecimento das sanções e a ameaça de bombardear o Irã se as negociações não resultarem em um acordo.

Trump quer reduzir o potencial de Teerã de produzir uma arma nuclear que poderia desencadear uma corrida armamentista nuclear regional e talvez ameaçar Israel. O establishment clerical do Irã, por sua vez, quer se livrar das sanções devastadoras.

Durante seu primeiro mandato, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015 de Teerã com seis potências e reimpôs sanções que prejudicaram a economia do Irã. O Irã respondeu aumentando o enriquecimento muito além dos limites do pacto.

O establishment clerical do Irã está enfrentando várias crises -- escassez de energia e água, moeda em queda, perdas entre os representantes das milícias regionais em conflitos com Israel e temores crescentes de um ataque israelense às suas instalações nucleares -- tudo isso intensificado pela postura linha-dura de Trump.

O inimigo do Irã, Israel, que vê o programa nuclear de Teerã como uma ameaça existencial, ameaçou repetidamente bombardear as instalações nucleares da República Islâmica para impedir que Teerã adquira armas nucleares.

Teerã prometeu uma resposta dura.

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