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Assassinato de tunisiano mostra expansão de radicalização de extrema direita na França

04/06/2025 10h22

Os jornais ses desta quarta-feira (4) analisam um crime racista que comove a França. Um homem de nacionalidade sa matou a tiros um vizinho tunisiano, Hichem Miraoui, na noite de sábado (31) na cidade de Puget-sur-Argens, no sul da França, e feriu outro vizinho turco.

O suspeito, Christophe B., detido pela polícia, reivindicou o crime em redes sociais e fez um apelo aos ses para que atirassem em pessoas de origem estrangeira. O caso, que ganhou contornos políticos, está sendo investigado pelo Ministério Público antiterrorista.

Le Monde descreve Christophe B. como uma pessoa que não escondia seu ódio. Em seu perfil de o público no Facebook, o autor do ataque racista era abertamente violento, antiárabe, antimuçulmano, misógino, homofóbico e dono de uma arma. Seu comportamento, no entanto, não desencadeou qualquer alarme sobre sua radicalização entre seus seguidores, ou entre os milhares de usuários que liam seus comentários em artigos de jornais ou ainda nos serviços de inteligência responsáveis ??por identificar pessoas em risco de cometer crimes.

Em vários vídeos postados no Facebook antes e depois de matar Hichem Miraoui, Christophe B. pediu aos ses que "acordassem" para os "islamistas" e os "imigrantes ilegais" e "fossem procurá-los onde estivessem". Ele também disse que esperava uma vitória nas eleições do partido de extrema direita Reunião Nacional, salienta o jornal.

O Libération destaca que esta é a primeira vez, desde sua criação, em 2019, que o Ministério Público antiterrorismo investiga um ataque cometido pela extrema direita. Esse tipo de ameaça é, no entanto, a segunda fonte de riscos de atentado, conforme os serviços de inteligência da França, citados pelo jornal. 

Questão política

A questão chegou às esferas mais altas da política sa no começo da semana, quando partidos de esquerda e ecologistas acusaram o ministro do Interior Bruno Retailleau de encorajar crimes xenófobos por suas declarações contra a imigração. O ministro respondeu que "cada crime racista era um crime antifrancês", mas não convenceu a oposição e ONGs de luta contra o racismo.

Le Parisien traz uma entrevista com a prima de Hichem Miraoui, Mouna, que descreve a vítima como uma pessoa generosa, que saiu da Tunísia em 2011 e, após ar pela Itália, se instalou na França onde começou a trabalhar como cabeleireiro. Ela diz que está assustada com a violência e que espera que a morte do primo ajude a criar uma conscientização sobre o problema.

De acordo com relatos de vizinhos recolhidos por Le Figaro, Hichem era uma pessoa totalmente integrada à sociedade sa. O advogado da família da vítima, Mourad Battikh, citado na reportagem, diz que a morte de Hichem é consequência direta da estigmatização e da banalização da violência racista.

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