Lula critica EUA por ameaças contra Alexandre de Moraes e defende maioria no Senado para defender STF
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo o governo dos Estados Unidos, que ameaça sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, depois que o magistrado tomou decisões que atingiram plataformas de mídias sociais norte-americanas.
"Os EUA querem processar o Alexandre de Moraes porque ele quer prender um cara brasileiro que está lá nos EUA fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Por que ele quer criticar a justiça brasileira? Eu nunca critiquei a justiça deles. Ele faz tanta barbaridade e eu nunca critiquei. Faz tantas guerras, mata tanta gente", disse Lula em discurso na convenção nacional do PSB, neste domingo.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou há alguns dias em audiência no Congresso do país que há "grande possibilidade" do ministro ser alvo de sanções norte-americanas. Em seguida, o governo de Donald Trump informou que pessoas que agissem contra a liberdade de expressão de norte-americanos teriam seus vistos cassados.
O governo e o STF vêem a ação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se mudou para os EUA, como uma das forças por trás das ameaças a Moraes.
Em seu discurso, Lula levantou o risco contra o STF dentro do Legislativo, especialmente no Senado, onde senadores bolsonaristas tentam há bastante tempo abrir um processo de impeachment contra Moraes. Não é segredo que uma das metas de Bolsonaro para 2026 é aumentar a bancada bolsonarista no Senado para ter maior poder de influência contra o STF.
"Precisamos eleger senadores da República em 2026. Por que, se esses caras elegerem a maioria dos senadores, eles vão fazer uma muvuca nesse país", disse Lula, apontando que é mais necessário para o país eleger senadores progressistas do que governadores, e talvez seja necessário abrir mão de cabeças de chapa nos estados.
"Precisamos ganhar maioria no Senado, senão esses caras vão avacalhar a Suprema Corte. Não é porque a Suprema Corte é uma maçã doce. Não. É porque precisamos preservar as instituições que garantem o exercício da democracia nesse país. Se a gente for destruir o que a gente não gosta, não vai sobrar nada", continuou.
Lula também mostrou, em seu discurso, que é candidato a reeleição, ressalvando que isso acontecerá se estiver "100% bem de saúde".
"Podem ter certeza que, se eu tiver bonitão do jeito que eu estou, apaixonado do jeito que eu estou, e motivado do jeito que eu estou, a extrema direita não volta a governar esse país", garantiu.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)