Guatemala ordena prisão de procuradora e ex-ministro por corrupção a favor da Odebrecht

Um tribunal da Guatemala ordenou, nesta segunda-feira (2), a prisão da procuradora-geral da Colômbia e de um ex-ministro do país, informou o questionado Ministério Público guatemalteco ao acusá-los de suposta corrupção a favor da empresa brasileira Odebrecht.
O mandado de prisão foi expedido contra a procuradora-geral colombiana Luz Adriana Camargo e o ex-ministro da Defesa Iván Velásquez, ambos ex-membros da comissão antimáfia da ONU na Guatemala.
O procurador guatemalteco Rafael Currichiche, afirmou que Velásquez "favoreceu os empresários da construtora Odebrecht e fez com que o Estado da Guetmala perdesse mais de 3 bilhões de quetzales [cerca de R$ 2,2 bilhões]".
Curruchiche, sancionado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como "corrupto", afirmou que os dois colombianos incorreram em "crimes de associação ilícita, obstrução de justiça, tráfico de influência e conluio".
Velásquez foi chefe da extinta Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig) de 2013 a 2019, enquanto Camargo foi chefe de investigação e litígio da entidade entre 2014 e 2017. Ambos gozam de imunidade por ser uma entidade patrocinada pela ONU.
A Cicig foi criada em 2007 para desmantelar estruturas criminais incrustadas no Estado guatemalteco e foi cancelada unilateralmente pelo então presidente guatemalteco Jimmy Morales, de direita, em 2019.
Velásquez, que assumirá em breve o cargo de embaixador no Vaticano, criticou na rede social X a acusação de Curruchiche e expressou sua "solidariedade aos ex-funcionários e a tantos cidadãos guatemaltecos que foram obrigados ao exílio pelo Ministério Público".
A pedido do Ministério Público, o tribunal também ordenou a prisão da ex-promotora guatemalteca Thelma Aldana e de outros cinco ex-promotores no exílio.
Não é a primeira vez que o Ministério Público do país centro-americano tenta abrir causas contra Velásquez. Já o fez, sem sucesso, em 2023.
Essas acusações se somam a outras causas judiciais contra ex-funcionários da Cicig e contra promotores guatemaltecos que investigaram atuações da procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras.
Os Estados Unidos e a União Europeia mantêm suas sanções a Porras e Curruchiche como "corruptos" e "antidemocráticos".