Trump e a Europa: entre o fascínio populista e o temor do isolamento militar

As revistas sas desta semana destacam novamente o governo do presidente norte-americano Donald Trump e as reações de políticos e da sociedade europeia às suas ações. Enquanto líderes da extrema direita adotam a mesma retórica conservadora, cresce a preocupação com a capacidade de defesa do continente. Estaria a Europa preparada para garantir sua própria segurança sem o respaldo dos Estados Unidos?
Com o título "Trumpismo, uma franquia que galvaniza os europopulistas", a revista L'Express destaca como a eleição de Trump inspirou políticos europeus. Na Romênia, George Simion, segundo colocado na eleição presidencial, se autodenomina o "Trump romeno" e apresentou um programa político muito semelhante ao do movimento "Make America Great Again". Segundo a revista, caso tivesse vencido, ele se alinharia a líderes como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o dirigente eslovaco Robert Fico.
Ainda segundo a L'Express, esses nomes tendem a se multiplicar, como indicam as recentes campanhas eleitorais, com o crescimento alarmante da extrema direita em todo o continente - em contraste com países como Canadá e Austrália, onde candidatos trumpistas têm fracassado.
O semanário aponta que discursos nacionalistas simplistas, retórica inflamadamente antissistema e anti-elite, estigmatização da imigração e até promessas de "purificação da população" - como as feitas por André Ventura, líder do partido Chega, em Portugal - evidenciam que o trumpismo se tornou uma franquia em expansão na Europa.
Insegurança diante da Rússia
Por outro lado, a revista Le Point ressalta a crescente preocupação dos países europeus com a defesa do continente diante da ameaça russa, com destaque para a Polônia, que se tornou o principal ponto de entrada de equipamentos militares enviados pelos Estados Unidos à Ucrânia.
Inicialmente vista como protagonista no apoio europeu a Kiev, a Polônia ou a ser também um alvo potencial e agora depende da Otan - especialmente dos Estados Unidos - para conter possíveis retaliações. O país tem investido fortemente em sua defesa, elevando os gastos militares de 2,7% para quase 5% do PIB em apenas cinco anos.
Embora mais de 100 mil soldados norte-americanos estejam estacionados na Europa - 14 mil deles na Polônia -, não há garantias de permanência. Em visita a Varsóvia, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, alertou: "Nossos aliados europeus não devem presumir que as tropas americanas permanecerão aqui indefinidamente".
Diante desse cenário de incertezas, a Europa busca preservar os canais de diálogo com alas mais moderadas do governo Trump, na tentativa de garantir alguma estabilidade estratégica.