Irã diz que danos a instalações nucleares após ataque de Israel são mínimos

O Irã afirmou que as instalações nucleares do país sofreram danos "mínimos" após ataques das Forças de Defesa de Israel.
O que aconteceu
Instalações nucleares em Fordo, ao sul de Teerã, e de Isfahan, na região central, sofreram ataques. As informações foram divulgados em comunicado por Behrouz Kamalvandi, porta-voz do Irã para assuntos de energia atômica.
Kamalvandi destacou que os "danos foram mínimos e insignificantes". "Os ataques ficaram limitados a áreas que não causaram nenhum dano urbano a Fordo e, em Isfahan, os bombardeios atingiram vários pontos em que estavam instalados armazéns, que pegaram fogo".
Porta-voz disse que não há motivo para preocupação. "Os danos a essas instalações não foram extensos e não há motivo algum para preocupação em termos do risco de contaminação nuclear".
Apesar de o Irã relativizar danos, pelo menos uma usina de enriquecimento de urânio iraniana foi destruída. A parte acima do solo da usina em Natanz, na província de Isfahan, ficou totalmente danificada, segundo Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, órgão ligado à Organização das Nações Unidas para assuntos nucleares.
Até agora, não há registro de aumento na radiação nuclear. Durante reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, Grossi disse que ainda apura a extensão total dos danos às usinas nucleares iranianas.
Complexo nuclear de Natanz é dividido em uma parte subterrânea e outra no solo. A parte subterrânea é usada para enriquecer urânio em escala comercial, com 16 mil centrífugas, das quais 13 mil estão em uso, segundo estimativa da ONU.
A parte do solo, atacada por Israel, produz urânio com grau de 60% de pureza. Para o Ocidente, quando um país consegue enriquecer urânio a esse nível, não é difícil para que se atinja o grau de 90% de pureza, nível usado para a produção de armas nucleares potentes. Teerã nega que tenha produzido armas nucleares.
Entenda o caso
Israel bombardeou instalações nucleares e militares no Irã. As explosões foram registradas em Teerã e em pelo menos uma importante instalação de enriquecimento de urânio em Natanz.
Exército israelense disse que mobilizou 200 aeronaves para atacar quase 100 alvos em todo o Irã. A imprensa estatal iraniana confirmou as mortes do chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e do comandante do Estado-Maior, Mohamed Bagheri. Seis cientistas nucleares morreram nos ataques e 50 civis ficaram feridos, incluindo mulheres e crianças.
Para Israel, Irã é uma ameaça existencial ao seu povo. O ministro da Defesa, Israel Katz, chamou a operação desta sexta-feira de "ataque preventivo" porque o Irã estaria se aproximando de um "ponto de não retorno" em seu programa nuclear.
EUA, Israel e outras potências acusam Irã de buscar armas nucleares; Teerã nega. O governo de Donald Trump tenta firmar um acordo para acabar com o programa nuclear iraniano, mas a República Islâmica resiste às intervenções ocidentais.
Irã revidou ataques
Exército iraniano lançou hoje mais de 100 mísseis balísticos contra o território israelense. Parte dos ataques foi contida, mas algumas áreas residenciais e militares foram atingidas.
Ataques iranianos atingiram áreas residenciais e deixaram feridos em Israel. Duas pessoas estão em estado crítico, de acordo com jornal israelense Haaretz. O porta-voz do serviço de resgate israelense, MDA (Magen David Adom), disse à imprensa local que outras vítimas tiveram "ferimentos leves" e foram socorridas. Não há relatos de mortos até o momento.
Guarda Revolucionária do Irã afirmou que alvos foram bases militares israelenses. Eles divulgaram que realizaram uma "resposta precisa e esmagadora contra dezenas de alvos, centros industriais militares e bases aéreas" em Israel.
O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, escreveu no X que o regime "sionista não escapará em segurança do crime hediondo que cometeu". Ele também destacou que "a vida definitivamente se tornará amarga para os sionistas".