Premiê polonês vence moção de confiança no Parlamento
Premiê polonês vence moção de confiança no Parlamento - Centrista Donald Tusk pediu voto após o conservador Karol Nawrocki vencer eleição presidencial. Primeiro-ministro prometeu concluir seu mandato, apesar do crescimento da oposição.O governo pró-europeu do primeiro-ministro polonês Donald Tusk ganhou um voto de confiança no Parlamento nesta quarta-feira (11/06), em um movimento iniciado pelo próprio para demonstrar que ainda tem o apoio da maioria do Legislativo apesar da derrota de sua coalizão na eleição presidencial no início do mês.
A votação foi convocada por Tusk após o nacionalista conservador Karol Nawrocki vencer a apertada disputa presidencial contra o liberal Rafal Trzaskowski. A derrota da coalizão governamental aumentou a pressão sobre o premiê para convocar eleições parlamentares antecipadas, apesar de um novo pleito não estar previsto até 2027.
"Estou pedindo um voto de confiança porque tenho convicção de que temos um mandato para governar", disse Tusk na quarta-feira, no início da sessão parlamentar.
O governo precisava de uma maioria simples e, após várias horas de debate parlamentar, 243 deputados de um total de 460 assentos votaram a favor da permanência de Tusk – 210 votaram contra.
Tusk prometeu permanecer no cargo, mas enfrenta tensões dentro de sua coalizão governamental, especialmente de siglas que defendem valores conservadores e querem mais restrições à imigração.
Novo presidente deve barrar reformas
A Polônia, membro da União Europeia (UE) e da Otan, com 38 milhões de habitantes, tem uma economia em rápido crescimento e se torna um ator regional cada vez mais importante desde a invasão russa da Ucrânia em 2022.
O país desempenha um papel crucial como aliada política e militar da Ucrânia, e serve como importante centro logístico para o apoio militar ocidental ao país invadido pela Rússia.
Ex-presidente do Conselho Europeu, Tusk chegou ao poder em 2023 sob uma coalizão centrista e com a promessa de aprovar reformas como a liberalização do aborto e voltadas à despolitização do Judiciário.
No entanto, embora possua maioria parlamentar, sua base enfrentará um desafio maior quando Nawrocki tomar posse em agosto.
O conservador deve tentar barrar reformas e impulsionar seu partido de oposição, o Lei e Justiça (PiS), assim como fez seu antecessor, Andrzej Duda. Os presidentes poloneses têm alguma influência sobre a política externa e de defesa, mas sua principal prerrogativa é vetar qualquer legislação aprovada pelo Parlamento.
Nawrocki é um opositor ferrenho, e já alertou que Tusk pode esperar "forte resistência do palácio presidencial."
Em nível internacional, isso também pode dificultar os laços com Bruxelas, principalmente em relação a questões de Estado de Direito. Nawrocki apoia as polêmicas reformas judiciais implementadas pelo governo anterior do PiS (2015 a 2023), que entraram em choque com as diretrizes da UE.
Os laços com a Ucrânia também podem ficar mais tensos, pois Nawrocki se opõe à adesão de Kiev à Otan e tem criticado o apoio aos refugiados ucranianos na Polônia.
Tusk destaca segurança de fronteira e avanços diplomáticos
Em seu discurso no Parlamento em defesa da sua manutenção no cargo, Tusk destacou o que chamou de principais conquistas de seu governo nos últimos 18 meses.
Ele enfatizou o fortalecimento da fronteira da Polônia com Belarus como uma realização importante no combate à migração irregular, lembrando que a Polônia conseguiu apoio da UE para o projeto, e reiterou acusações de que o líder belarusso Alexander Lukashenko está deliberadamente enviando migrantes de regiões em crise para a fronteira polonesa.
Ele mencionou ainda um recente acordo assinado com a França, que inclui disposições para colaboração na defesa, e elogiou os fortes laços com os Estados Unidos. E anunciou uma reforma ministerial prevista para julho, prometendo "novas caras" e um foco maior em melhorar a estratégia de comunicação do governo.
gq/bl (afp, dpa)