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Rússia planeja testar determinação da Otan, alerta chefe da inteligência alemã

09/06/2025 19h03

Por Thomas Escritt

BERLIM (Reuters) - A Rússia está determinada a testar a determinação da aliança da Otan, inclusive estendendo seu confronto com o Ocidente para além das fronteiras da Ucrânia, disse o chefe da inteligência estrangeira da Alemanha à organização de notícias Table Media.

Bruno Kahl, chefe do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha, disse que sua agência tinha indicações claras de que autoridades russas acreditam que as obrigações de defesa coletiva consagradas no tratado da Otan não têm mais força prática.

"Estamos certos, e temos informações de inteligência que demonstram isso, de que a Ucrânia é apenas um o na jornada para o oeste", disse Kahl à Table Media em entrevista em um podcast.

"Isso não significa que esperamos que exércitos de tanques se desloquem para o oeste", acrescentou. "Mas vemos que a promessa de defesa coletiva da Otan será testada."

Segundo maior fornecedor de armamentos e apoio financeiro para a Ucrânia em sua guerra contra a Rússia, a Alemanha prometeu ampliar seu apoio sob o novo governo do chanceler Friedrich Merz, prometendo ajudar a Ucrânia a desenvolver novos mísseis que poderiam atingir profundamente o território russo.

Sem detalhar a natureza de suas fontes de inteligência, Kahl disse que autoridades russas preveem confrontos que não chegam a um envolvimento militar total, o que testaria se os EUA realmente cumpririam suas obrigações de ajuda mútua de acordo com o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte.

"Eles não precisam enviar exércitos de tanques para isso", disse ele. "Basta enviar homenzinhos verdes para a Estônia para proteger as minorias russas supostamente oprimidas."

A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 envolveu a ocupação de prédios e escritórios por soldados russos em uniformes não identificados e roupas civis, que ficaram conhecidos como "homenzinhos verdes" quando Moscou inicialmente negou sua identidade.

Kahl não especificou quais autoridades em Moscou estavam pensando dessa forma.

Merz, que visitou Donald Trump em Washington na semana ada,  disse que seus contatos com os homólogos dos EUA o deixaram convencido de que eles levam a sério a ameaça russa.

"Eles levam isso tão a sério quanto nós, graças a Deus", disse.

(Reportagem de Thomas Escritt)

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