Braga Netto pede suspensão de ação sobre golpe até STF ouvir militares

A defesa do ex-ministro Braga Netto pediu ontem à noite ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspensão da ação penal contra ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) até que sejam tomados os depoimentos dos outros militares denunciados por suposto envolvimento na trama golpista.
O que aconteceu
A defesa do general diz que é preciso primeiro ouvir os demais militares. Segundo o advogado José Luís de Oliveira Lima, não seria possível interrogar adequadamente o general da reserva sem ter ouvido os depoimentos dos demais militares denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Eles teriam pressionado o Alto Comando do Exército a aderir a teses golpistas a mando de Braga Netto, segundo a acusação. O advogado fala em "interrelação inegável" entre as denúncias.
Moraes marcou interrogatório dos réus do "núcleo crucial". Pedido foi feito após o ministro Alexandre de Moraes marcar o interrogatório dos réus, inclusive do próprio Braga Netto, a partir da próxima segunda.
A defesa de Braga Netto foi intimada ontem. Como é o único réu preso, Braga Netto não irá falar pessoalmente no STF. Ele acompanhará todos os interrogatórios por videochamada no Rio de Janeiro, onde está detido. O interrogatório dos réus é uma das etapas finais da ação penal.
Ao todo, o STF já aceitou quatro denúncias da PGR contra 31 pessoas, incluindo militares das Forças Especiais. Mas os outros três processos estão em etapa anterior do de Bolsonaro e Braga Netto. Ainda nem sequer foram marcadas as audiências das testemunhas de defesa e de acusação.
Moraes vai decidir sobre o pedido. Além de considerar importante aguardar as audiências dos demais denunciados, a defesa do general pediu mais prazo para analisar todo o material da investigação a que teve o.
Diante da inegável interrelação entre as denúncias que derivam da PET 12100, requer-se a suspensão da instrução desta AP 2668, para que os interrogatórios ocorram na sequência da fase de oitiva das testemunhas dos demais núcleos, sob pena de infringência dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, previstos no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal.
Defesa de Braga Netto em manifestação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes