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Bolsonaro critica pergunta sobre Neymar e Marta; como entra questão no Enem

Marta e Neymar tiveram comparação salarial explorada em questão no Enem, criticada por Bolsonaro - Arte/UOL
Marta e Neymar tiveram comparação salarial explorada em questão no Enem, criticada por Bolsonaro Imagem: Arte/UOL
do UOL

Guilherme Botacini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/01/2021 04h00

Um dia após o primeiro dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), no domingo ado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou uma questão que falava sobre a diferença salarial entre Marta e Neymar.

Em encontro com apoiadores, ele chamou a questão de "ridícula" e falou que "não tem que ter comparação", porque, na opinião do presidente, o futebol feminino "ainda não é uma realidade no Brasil".

A justificativa dada aos apoiadores foi que o banco de questões tinha sido feito em governos anteriores. De fato, para uma pergunta aparecer no Enem, há um processo complexo.

O banco de questões é oficialmente chamado de Banco Nacional de Itens (BNI). Item é como o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação do Enem, chama as perguntas.

O Inep publica todo ano um edital de chamada pública específico para selecionar colaboradores para produzir questões para compor o BNI.

Esses colaboradores são treinados para que seu trabalho de elaboração esteja alinhado à matriz de referência do exame e ao guia de revisão de itens. Seu cadastro no banco de colaboradores do BNI tem validade por dois anos, prorrogável por mais dois.

Criada uma questão, ela a por um revisor técnico-pedagógico, que confere se os critérios esperados foram cumpridos. Se for necessário, modificações são feitas.

ada a revisão, especialistas das áreas de conhecimentos contempladas pela questão são convidados para avaliar a questão e propor as eventuais modificações. Depois disso, especialistas do próprio Enem fazem a validação.

Depois da longa jornada para receber essa chancela, a questão vai ar pelo chamado pré-teste.

O pré-teste é a aplicação da questão para uma amostra da população brasileira que tem características parecidas com o público-alvo do Enem. É nesta etapa que é avaliado se a questão é muito fácil ou muito difícil, qual a chance de acerto, entre outros parâmetros necessários para compor o índice de cálculo da nota.

Esses dados empíricos sobre a questão se somam a análises pedagógicas para confirmar se os critérios esperados foram observados. As que ficarem pelo caminho são descartadas ou podem voltar etapas para serem aprimoradas.

Só então a questão entra para o BNI e fica disponível para aparecer no Enem.

O BNI também fornece questões para o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que avalia alunos do ensino superior, para o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e para o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), entre outras avaliações.

Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, uma comissão foi criada pelo Inep para analisar o BNI, identificar e "desaconselhar" questões polêmicas —o que, por si só, gerou polêmica.

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