Os acenos de Lula a Hugo Motta (Republicanos-PB) em evento público ontem mostram que o presidente entendeu a necessidade de reagir em meio ao embate com o Congresso por causa do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Mas, na política, não existe abraço de afogados, analisou Amanda Klein no Mercado Aberto.
A dança sincronizada entre governo e os novos chefes das duas casas do Congresso mostrou os primeiros sinais de descoordenação com MotTa e Alcolumbre jogando juntos. Lula percebeu e fez uma série de afagos ontem a Hugo Motta em evento público, mas na política não existe abraço dos afogados.
Amanda Klein
Nos últimos dias, Motta ou a criticar o aumento do IOF e deu 10 dias para a equipe econômica de Lula apresentar alternativas. Se não houver solução, ele promete pautar os projetos que derrubam o decreto.
E no pior timing possível para o governo, a Moody's, após o fechamento dos mercados na sexta, rebaixou a perspectiva da nota do Brasil, deixando o país ainda mais distante do grau de investimento.
Em uma das piores semanas para a equipe econômica desde o início do governo, dada a desconfiança generalizada do mercado, setor produtivo e da política, a agência rebaixou a perspectiva do rating soberano do Brasil de positiva para neutra.
Entre os motivos elencados pela Moody's, o aumento do custo da dívida, que são os juros mais altos, a rigidez das despesas públicas, aquele forçamento engessado e o ritmo lento de construção de credibilidade da política fiscal.
Ela citou ainda a necessidade de reformas profundas, como a desvinculação de benefícios sociais do governo. Esse é um assunto proibido no Planalto. Quando foi aventado assim, meio 'en ant' pela ministra Simone Tebet no ano ado, foi imediatamente refutado pelos mandachuvas do governo. A novidade é que no Congresso, assuntos que antes eram tabus, foi ganhando corpo.
Amanda Klein
Para Amanda, a crise fiscal e o aumento do IOF se tornam hoje o principal desafio do governo Lula na tentativa de viabilizar sua reeleição em 2026.
O jogo da eleição de 2026 está a pleno vapor e a crise fiscal tornou-se o mais recente tema na mesa de discussões. O governo tem esta semana para correr atrás do prejuízo e apresentar um projeto minimamente convincente para as contas públicas, se não, depois desse IOF, terá que pensar no próximo aumento de imposto. E o que está em risco na sucessão de erros que am por crises do PIX, INSS e IOF, é o plano de reeleição de um ano.
Amanda Klein
O Mercado Aberto vai ao ar de segunda a sexta-feira no UOL às 8h, com apresentação de Amanda Klein, antecipando os principais movimentos do mercado financeiro.
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