O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, está errado e estamos há décadas errados, afirmou o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, ao comentar a decisão do BC de manter juros altos para combater a inflação em entrevista ao programa Poder e Mercado, do Canal UOL.
Ele está errado e nós estamos há décadas errados, é só olhar o mundo. Alguém no mundo está fazendo isso? Os países estão usando a guerra para fazer política de crescimento, ameaçando outros países de ocupação, de ataque militar. Todos os países no mundo estão fazendo política para a autonomia tecnológica e financeira, além de soberania alimentar e energética. O Brasil tem as duas.
O Brasil precisa decidir o que ele quer fazer nesse mundo. Nós vamos persistir nesse tipo de política ou nós vamos fazer as reformas do Brasil? Eu não estou dizendo que não tem alternativa. O Brasil não precisa fazer uma reforma tributária, 1% tem 1/3 da renda do país, 10% têm a metade, não pagam lucro e dividendos. Não existe imposto de renda no Brasil, é uma farsa. Depois de 6, 7 mil reais, todos pagam 27,5% de alíquota? Todos não.
Então o sistema tributário brasileiro precisa mudar. E precisar fazer uma reforma política no país, nós não podemos continuar. Nós estamos fazendo de conta o que está acontecendo nada, como se o eleitor, o cidadão, a cidadã e a eleitora não tivessem observado o que estava acontecendo no parlamento.
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
Dirceu destacou que já é provado mundialmente que juros altos não resolvem o problema da inflação.
Está mais do que provado mundialmente que a política monetária não tem mais os efeitos que tinha no ado. O próprio Fed reconhece isso, na União Europeia se reconhece isso.
Usar os juros para combater a inflação quando ela não é uma inflação de demanda, no Brasil nós temos incluído na inflação energia e alimentos, nos Estados Unidos não. A Europa subsidiou os alimentos, subsidiou aluguéis, os Estados Unidos emitiram 5 trilhões de dólares, a Europa está emitindo 800 bilhões de dólares com uma política industrializante.
A saída do Brasil é crescer. Se o país quer crescer, o país precisa fazer reformas porque agora nós voltamos com o governo de gastança. Que é preciso cortar gastos, veja bem, em Nova York, e mesmo aqui no Brasil, que está se insistindo e a Faria Lima que repercute isso que precisamos privatizar Petrobras, os bancos públicos, desvincular o salário mínimo da previdência, tirar os pisos saúde e educação.
Ou seja, nós precisamos cortar gastos social, não se fala em reforma tributária, não se fala em renúncia fiscal, não se fala em reforma política, porque nós sabemos o que está custando para o país essa disfunção política institucional que nós estamos vivendo. Basta ver a questão das emendas impositivas. Agora tem um aumento de números de deputados. Então eu acredito que o que está errado é que o Brasil está negacionista.
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil
O Poder e Mercado é exibido terças e quintas, às 20h, com apresentação de Raquel Landim e comentários de Mariana Barbosa e Graciliano Rocha. O programa de política e economia chega para conectar os grandes temas do Congresso Nacional a seus impactos no mercado financeiro e no dia a dia das pessoas.
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